O coqueiro é uma cultura de grande importância para a região Nordeste do Brasil pelo seu elevado potencial sócioeconômico. É uma planta perene, de grande versatilidade e cultivada em sua grande maioria por pequenos produtores. Cerca de 96% da produção mundial vem de propriedades de 0,5 a 4 hectares, demonstrando a importância relativa para os produtores que tem nesta cultura sua principal fonte de renda. No Brasil, esta cultura gera em torno de 100 mil empregos diretos e indiretos, além de ser fator decisivo de fixação do homem no meio rural.
A planta de coco é hospedeira de uma diversidade de insetos e ácaros, podendo estes organismos atingir a capacidade de praga quando as condições se tornarem favoráveis ao seu desenvolvimento. Portanto, as pragas podem variar de importância de uma região para outra, dependendo das condições climáticas, fauna, flora e técnicas de manejo adotadas pelo homem.Duas dessas pragas de importância econômica para a cultura do coqueiro são lagartas (Brassolis astyra) e o ácaro da necrose (Aceria querreronis)
- Lagartas (Brassolis astyra)
Trata-se de uma borboleta grande, medindo 60 a 100mm de envergadura. A lagarta é a forma mais nociva da praga. Apresenta hábito gregário, abrigando-se e protegendo-se na copa do coqueiro. Nos últimos estádios de desenvolvimento, constroem o ninho na região central da folha do coqueiro, unindo vários folíolos com fios de seda no interior. Em altas infestações poderá ocorrer o desfolhamento total da planta, restando apenas as nervuras centrais dos folíolos e a ráquis de cada folha.
O princípio ativo presente no óleo de neem, a azadiractina age no controle de lagartas em primeiro e segundo instar através da alimentação, agindo nas células dos músculos do aparelho bucal dos insetos, tornando-os flácidos e impedindo que as lagartas se alimentem e morram por inanição.
- Ácaro da necrose (Aceria querreronis)
Essa espécie tem preferência por frutos nos primeiros estádios de desenvolvimento, localizando-se sob as brácteas dos mesmos, onde realiza o processo de alimentação. Os sintomas iniciais nos frutos pequenos são observados por manchas brancas com formato triangular. Posteriormente, surgem as necroses e rachaduras longitudinais de coloração marrom-escura e aspecto áspero, partindo das brácteas. Esses frutos, quando atingem o ponto de colheita, não apresentam valor comercial. A. guerreronis também é encontrado em plantas jovens, acarretando a morte das mesmas pelo ataque no ponto de crescimento. A disseminação desse ácaro ocorre a longas distâncias pela ação dos ventos e dentro das áreas de cultivos, por meio da chuva, pássaros e insetos.
A azadiractina age no controle de ácaros através do atraso na reprodução, inibição de oviposição e também age na repelência, impedindo infestação decorrente de outras áreas.
Em março deste ano, foi realizado na cidade de Canudos na Bahia testes com o óleo de neem no controle de Lagartas e de modo preventivo para ácaro da necrose em coqueiro, conforme demonstra abaixo:
- Resultados
O óleo de neem foi eficiente no controle da Lagarta do Coqueiro, na primeira aplicação apesar de ser em época de chuvas o controle de lagartas ficou acima de 80%. Após a segunda aplicação o controle subiu para 90%. Os efeitos no controle das Lagartas começaram a aparecer após as 48 horas.
O tratamento do ácaro foi realizado de maneira preventiva, confirmando a ausência de ácaros em plantas tratadas com óleo de neem.
- Conclusão
Diante dos resultados positivos descritos, o óleo de neem é uma alternativa economicamente viável e eficiente no controle de lagartas e ácaro na cultura do coqueiro.