Índia quer cooperação técnica com Brasil para café

O Brasil é uma referência em café sendo o maior produtor do mundo e um dos maiores exportadores da bebida. Em 2020 foram produzidas 61,62 milhões de sacas de 60kg, volume 25% maior que 2019 e em 2021 foi estimada em 48,80 milhões de sacas de 60kg, queda que aconteceu em função da bienalidade da cultura.

Já na Índia a produção de café total em 2021/22, temporada que se entende de outubro 2021 a setembro 2022, deverá chegar a 5,41 milhões de sacas. No país o café é cultivado principalmente nos quatro estados do Sul, representando 99,7% de toda a produção de café. O estado de Karnataka, no sul da Índia, é o maior produtor nacional, representando 71% da produção total.

Agora o país asiático quer estabelecer uma parceria com o Brasil envolvendo instituições de pesquisa agropecuária dos dois países, com foco na cafeicultura. O embaixador da Índia no Brasil, Suresh K. Reddy, e o presidente da Embrapa, Celso Moretti, reuniram-se na última segunda-feira (9), para discutir os detalhes. 

A Embrapa já tem parceria assinada com dois institutos indianos (o Indian Council of Agricultural Research – ICAR e o Department of Animal Husbandry and Dairying – DAHD), mas para viabilizar o novo acordo precisará assinar um memorando de entendimento com um terceiro órgão de pesquisa daquele país, responsável por coordenar estudos com café.

Os indianos se mostraram interessados em algumas tecnologias inovadoras brasileiras, como o uso consorciado de braquiária nas entrelinhas dos cafezais, o plantio direto, a irrigação com estresse hídrico controlado, adubação fostatada, o cultivo nas áreas de montanha, o controle biológico de pragas e doenças, uso de tecnologias de colheita e pós-colheita de baixo custo para melhorar a qualidade do café e o melhoramento genético, sendo esta uma área de interesse mais imediato para intercâmbio de germoplasma entre os dois países. O presidente da Embrapa ainda revelou algumas iniciativas pioneiras do Brasil para descarbonizar a agropecuária brasileira, como o Carne Carbono Neutro, a Soja Baixo Carbono e o Leite Baixo Carbono e o início das pesquisas para também incluir também as culturas de algodão e do café

Além disso os dois países têm inúmeras parcerias nas áreas de genética animal e gado de leite, aquicultura, bioenergia e coco, melhoramento genético e genômica aplicada à resistência a doenças de ovinos e caprinos, nanofertilizantes, plantas medicinais e condimentares, leguminosas, pastagens, solo e mecanização da colheita de mamona.